opinião

OPINIÃO: O pequeno grande João

Naquela manhã, eu saí de casa com a missão de ir numa escola, pegar os meninos e acompanhar o Serginho em uma pequena apresentação, no encerramento de um evento num hotel da cidade. Seria então a primeira apresentação do ano dos pequenos aprendizes da Oficina de Gaita. Foram sete alunos da Escola Maria de Lourdes Castro e um da Miguel Beltrame, e o Sergio Rosa no comando. Era uma manhã muito fria. Cheguei na escola com uma sacola de roupas que junto em casa, seguidamente faço isso por entender que se nós não estamos usando, servirá para alguém. E sempre serve. A escola fica num bairro muito carente, e logo as calças foram aquecer os meninos que iriam sair comigo. Todo mundo arrumado, quentinho, pegamos o caminho para a nossa agenda.

O pequeno João vai na frente, ele já tinha decidido isso antes de entrar no carro. Um garoto franzino que tem 12 anos, tamanho de 8 e uma esperteza e alegria que contagia. Foi conversando, puxando os colegas no dó ré fá e eu não entendendo nada. E animava, vamos gurizada! Feliz era ele. Entre uma nota musical e outra, me contava que nunca tinha ido no McDonald, que nunca tinha viajado num ônibus grande, que estava gostando das aulas de música.

Eu tinha a impressão que estava levando a criançada para uma superfesta, tamanha era a faceirice dos meninos. Chegamos ao hotel, preciso dizer que o João não parou de conversar nunca. Comunicativo, simpático, logo conquistou o pessoal da comissão organizadora que nos recebeu. No palco, as crianças participaram do encerramento do evento. Foram quatro músicas e uma experiência e vida que precisaria de várias aulas pra entender. A plateia emocionada, filmava, fotografava e alguns deixavam rolar uma lágrima no cantinho dos olhos. A música sempre emociona, quando tocada por crianças, pequenos aprendizes que fazem um esforço para não fazer nada errado... São tão espontâneos que emocionam pela simplicidade, pela paixão com que mexem os dedinhos nas teclas do instrumento. Depois da pequena aparição em público, como diria o João, participaram da confraternização, com direito a lanche, guloseimas e muitas risadas, conversas. Sim, o João ainda não tinha terminado seu repertório.

Voltamos, deixei os meninos na escola. A alegria era contagiante. E a gente só, eu disse SÓ, foi fazer uma participação de 15 minutos no encerramento de um evento. Não fomos em nenhuma festa, não fizemos compras. Logo depois, a diretora da escola me mandava mensagens, a pequena trupe já tinha contagiado a escola toda, era o tamanho do contentamento daquela manhã.

No trajeto de volta para casa, me veio na cabeça uma frase que li na noite anterior, não por acaso, nunca por acaso: A gente precisa aprender a florescer onde Deus nos plantou. Uma grande verdade. Não precisamos mover montanhas para fazer diferença na vida de alguém. Não precisamos dinheiro para ajudar a mudar a situação de tantos que precisam do nosso olhar. Não precisamos esperar um lindo jardim para poder florescer. Estamos no lugar certo e é aqui que precisamos ajudar a construir um país melhor.

A pergunta é: que Brasil você quer para o futuro? Talvez não seja a única pergunta a ser feita e respondida. Apontar o dedo para nós mesmos e questionar o que eu estou fazendo para este Brasil que eu quero para o futuro precisa fazer parte da resposta.

O João segue na sua gaitinha e na sua alegria de viver, porque ele, sim, aprendeu a florescer onde Deus lhe plantou. Simples assim!

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: Sabonete Anterior

OPINIÃO: Sabonete

OPINIÃO: O problema não é o diesel Próximo

OPINIÃO: O problema não é o diesel

Colunistas do Impresso